Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1021-1 | ||||
Resumo:A ocorrência de bactérias resistentes à múltiplas drogas (multidrug-resistant bacteria, MDR) apresenta-se emergente ao longo dos últimos anos, constituindo uma grande ameaça à saúde pública. Staphylococcus haemolyticus resistentes à meticilina (MRSH) são uma importante causa de infecções relacionadas à assistência à saúde e vêm sendo constantemente relacionados a infecções perinatais, tendo a colonização do sítio anovaginal de gestantes como uma das principais formas de transmissão aos neonatos. A pandemia de COVID-19 trouxe alterações no comportamento pessoal e na frequência do uso de antibióticos pela população geral, o que pode ter contribuído para a ocorrência de mudanças no perfil da microbiota e no perfil de susceptibilidade desses
microrganismos resistentes em gestantes, como o MRSH. A fim de analisar o possível impacto da pandemia de COVID-19 na colonização anovaginal por MRSH em mulheres gestantes residentes na cidade do Rio de Janeiro, avaliou-se a colonização por essa bactéria de acordo com eventos relacionados à pandemia de COVID-19. Assim, as amostras foram analisadas em relação aos diferentes períodos: antecedente à pandemia (P1; Janeiro de 2019 à Março de 2020; n=521); após o início da pandemia (P2; Maio de 2020 à Junho de 2021; n=360), após o avanço da cobertura vacinal e flexibilização de medidas sanitárias pandêmicas no Brasil (P3; Julho de 2021 à Maio de 2022; n=348) e após o decreto nacional de fim da emergência de saúde (P4; Junho de 2022 à Maio de 2023; n=316). As amostras anovaginais (1545) foram coletadas através do método de swab combinado mantidas em meio de transporte Amies e foram processadas em meio cromogênico
MRSA. Colônias sugestivas foram isoladas e identificadas pela técnica de MALDI-TOF MS. Observou-se uma ocorrência geral de 41,1% (635) de MRSH durante todo o período estudado. Analisando separadamente de acordo com os períodos estabelecidos, em P1, antes do início da pandemia, foi revelada a ocorrência de apenas 7,7% (40), que aumentou significativamente (p<0.0001) nos períodos seguintes, onde observou-se uma taxa de 52,2% (188) em P2, seguido 70,7% (246) em P3 e 50,9% (161) em P4. Tais crescentes e alarmantes taxas de colonização de
MRSH em gestantes do Rio de Janeiro descritas neste estudo, sugerem um possível impacto da pandemia de COVID-19 no perfil de susceptibilidade desses microrganismos, revelando a necessidade de uma vigilância contínua desse importante grupo bacteriano dentro da população gestante em nossa região. Palavras-chave: COVID-19, gestantes, MRSH, resistência à antimicrobianos, Staphylococcus haemolyticus Agência de fomento:BactiVac Network; CAPES; CNPq; FAPERJ. |